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«Natural de Beja, era professora quando a convidaram para apresentar um programa de culinária na RTP. É uma figura incontornável da culinária e da televisão portuguesas. Defende que se deve comer nas quantidades certas, adora pratos alentejanos. Hoje, diz que cozinha mais com a caneta, pois continua a publicar livros sobre gastronomia, área que nunca deixou de estudar com paixão.»

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maria de Lourdes Modesto

in​ Continente Magazine nº37, Outubro 2013

 Escreveu vários livros de cozinha portuguesa, dos quais se destacam: 

  • Grande Enciclopédia da Cozinha;

  • Cozinha Tradicional Portuguesa (o livro de culinária mais vendido em Portugal)

  • Receitas Escolhidas.

 

O seu nome está ainda ligado à tradução e edição de inúmeras obras estrangeiras.

A sua primeira fase na televisão não era de receitas portuguesas?

M.L.M. Não era inteiramente de receitas portuguesas. Eu fazia as receitas que toda a gente faz, mas como estava num meio francês (Liceu Francês, onde lecionava), fazia muitas coisas da cozinha francesa que, para além de não terem idade, continuam a ser muito boas. E os portugueses, e muito bem, começaram a reclamar mais receitas nacionais. Comecei então a fazer cozinha portuguesa que via fazer em casa da minha mãe, mas o público não ficava satisfeito! Vinham sempre reclamar que a tia não fazia assim, a prima não fazia assim... Tive então a ideia de fazer um concurso em que eram as pessoas que me mandavam as receitas (cada mês de uma província), e as que ganhassem iam à televisão mostrar como se fazia.

 Reuniu, então, uma quantidade enorme de receitas...

M.L.M. Tenho um acervo enorme de receitas da cozinha portuguesa. Estou agora, de resto, a digitalizá-las para as oferecer à Associação de Cozinheiros.

 

De alguma região nacional se pode dizer que tem uma cozinha pobre?

M.L.M. Isso é uma questão de gosto. Se me pergunta de qual gosto mais, respondo-lhe de caras que é da alentejana. Em primeiro lugar, por ser a nossa maior extensão territorial e, depois, ... porque eu sou alentejana! E porque a comida tem muito a ver com os afetos. O algarvio dir-lhe-á que não há papas como o xerém, e no entanto as papas foram as primeiras coisas que o Homem comeu cozinhado: os cereais moídos com água são a primeira coisa a que se pode chamar culinária.

 

E nasce o seu primeiro livro, Cozinha Tradicional Portuguesa...

M.L.M. Recebi aquele material todo e quando o comecei a ler, vi que era extremamente complicado fazer um livro. E o Secretariado Nacional de Informação (SNI) queria pagá-lo! E eu a pensar como poderia fazê-lo... Andei vinte anos nisto. O Fernando Guedes, da Verbo, a querer o livro, o Moreira Baptista do SNI a querer o livro. E as pessoas a interessarem-se, porque perceberam que eu dava grande importância à cozinha portuguesa e sempre a perguntarem-me pelo livro.

 

Já havia preocupações com aquilo a que hoje se chama comida saudável?

M.L.M. Os médicos dizem duas coisas: coma saudável, coma comida mediterrânica. Nós temos muito pouco de mediterrânicos... E, por outro lado, dizem-nos que devemos comer como os nossos antigos, como os nossos avós comiam. Acontece que não falam numa coisa que era muito importante na alimentação dos nossos antepassados, que era a fome. A fome também fazia bem. Não havia esta quantidade: era a sopa, mais rica ou mais pobre, e acabou. E uma peça de fruta. Parece que eles querem que comamos muitos legumes e, de facto, os antigos comiam muitos legumes porque não tinham outra coisa. Mas eu estou 100% de acordo com a prevenção alimentar. Que quer isso dizer? As coisas nas doses certas. Tudo se quer na devida conta.

 

Tem um prato preferido?

M.L.M. Tenho muitos! Uns são mais interessantes como, por exemplo, o caldo-verde. Onde é que essa rapaziada que anda aí com as vieiras, com o caviar, consegue fazer aquilo que faz o caldo-verde, que são só batatas, água e couves? Mas depende de muitas coisas: se me dessem uma açorda alentejana, que é das coisas que mais gosto, em tempo de calor não vinha a propósito... Mas acho que o bacalhau à Brás é uma pequena maravilha e impôs-se como prato português. Um estrangeiro que o coma nunca mais o esquece.

 

A senhora recebeu uma Comenda...

M.L.M. Pois foi, mas ninguém me chama comendadora... Só vai servir para o meu obituário, mais nada...

 

Para os Mais Pequenos: «A Minha Primeira Cozinha Tradicional Portuguesa»

 

Maria de Lourdes Modesto e Gisela Miravent lançaram recentemente um livro em parceira, A Minha Primeira Cozinha Tradicional Portuguesa. Sobre o assunto, é Gisela quem aqui fala:

"Inicialmente, a ideia era comemorar os trinta anos da Cozinha Tradicional Portuguesa e como a Maria de Lourdes não queria mexer no livro e, por outro lado, eu gosto de escrever para miúdos, decidimos as duas fazer uma comemoração contando às crianças a história da cozinha tradicional. Quisemos tirar as imagens que o livro tinha, substituí-las por ilustrações, que são do Bernardo Carvalho, e acrescentar umas notas que a Maria de Lourdes escreveue que são muito engraçadas. E tem umas receitas relativamente simples de fazer."

 

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