estimular. brincar. inspirar.

Biblioteca das
Ciências

O Médico Responde
O meu filho de 6 anos diz que já é capaz de tomar banho sozinho, mas eu ainda tenho muito receio de o deixar fazê-lo. Qual é a idade aconselhável para as crianças começarem a tomar banho sozinhas?
É impossível estabelecer uma idade a partir da qual as crianças possam começar a tomar banho sozinhas, porque depende em grande medida de fatores como o seu grau de maturidade, o nível de autonomia que demonstrem em outros hábitos, as capacidades motoras, etc. Mas há uma idade que é, por unanimidade, considerada como idade mínima antes da qual se considera não estarem ainda preparadas: que são os 7 ou 8 anos. Mesmo nessa idade, e até estar comprovado que se movimentam bem e com prudência, é aconselhável que tomem banho com a porta aberta, para que possamos ouvi-las, e passar de vez em quando para espreitar.
Gostava que o meu filho, ainda que apenas com 3 anos, aprendesse a nadar. Ainda é muito pequeno?
De forma alguma, o ideal é que as crianças aprendam a nadar o mais cedo possível, e até aos 3 ou 4 anos já revelam capacidade para o fazer. Ainda que possa ensiná-lo em casa, o mais aconselhável é inscrevê-lo em aulas de natação, porque as crianças pequenas podem assustar-se com facilidade se os primeiros contactos com a água forem desagradáveis. Sendo assim é melhor este primeiro contacto ser realizado com a ajuda de monitores especializados.
Penso que uma criança pequena, se tiver a febre muito alta, pode ter convulsões. Como devo atuar se isto suceder à minha filha?
Nas crianças com menos de 6 anos, um aumento excessivo da temperatura corporal pode provocar uma irritação do córtex cerebral e levar a uma crise convulsiva. Isto é algo que os pais devem ter sempre presente, porque a principal atuação perante uma criança com febre consiste em evitar que a temperatura alcance o limite de risco, os 39ºC. É necessário medir regularmente a temperatura da criança doente, e se chegar aos 38ºC deve atuar de modo a baixar a febre:
-
Aplicando compressas frias
-
Envolvendo em lençois humedecidos
-
Submetendo-a a um banho de água tépida
Caso a febre aumente deve dirigir-se a um serviço de apoio médico. Se houver uma crise de convulsões não se deve bloquear os movimentos da criança, apenas afastá-la de objetos com os quais se possa magoar e esperar que o episódio termine. Se a crise se prolongar ou se sucederem ataques repetidos dirija-se de imediato a um serviço de urgências.
Sou professora e tenho na minha turma dois alunos asmáticos, ainda que nunca tenham sofrido crises no colégio. Que devo fazer no cado de sofrerem um ataque de asma?
Caso tal aconteça deve pedir ajuda médica de imediato, já que nunca se sabe qual a evolução do quadro clínico, mas também é importante manter a calma e evitar que as outras crianças diquem nervosas, porque para uma criança que sofra uma crise asmática não há nada pior do que um ambiente turbulento. Por outro lado, é aconselhável que, se sabe que um dos alunos é asmático, fale com o s pais dele e informe-se das medidas concretas a adotar caso a criança sofra um ataque, sobretudo em relação aos medicamentos que utiliza e à forma como são administrados, como, por exemplo, a utilização correta de um inalador.
Quando uma criança sofre um ataque de asma é conveniente adotar alguma posição especial?
É aconselhável que se mantenha erguido, de modo a que o tórax funcione melhor e facilite a respiração; com efeito, a criança tende a levantar-se. Existem algumas posturas que permitem aproveitar ao máximo a superfície pulmonar e que são muito recomendáveis. Por exemplo, aconselha-se que a criança mantenha os braços levantados e apoiados na parede, com a cabeça baixa para abrir bem o tórax. Outra opção consiste em entrelaçar as mãos e apoia-las sobre a mesa, com os cotovelos apontados para a frente, posição que leva a uma expansão máxima do tórax.
Julgo que numa criança diabética é difícil distinguir entre uma crise de cetoacidose e uma crise de hipoglicemia. Como atuar nestes casos?
Alguns sintomas são comuns a ambos os quadros e não é raro que isso provoque uma certa confusão no que respeita à origem. Por isso, o melhor será procurar auxílio médico urgente perante qualquer manifestação suspeita. De todos os modos, se o auxílio médico demorar e continuar a não ser claro de que problema a criança padece, é aconselhável tratá-lo como uma crise de hipoglicemia, dando-lhe um torrão de açúcar ou uma bebida açucarada: assim, caso se trate de uma crise de cetoacidose o problema não se agravará, mas poderá soluciona-lo numa situação de hipoglicemia.
De vez em quando fico em casa da minha irmã a cuidar dos meus sobrinhos e temo sempre que, num momento de descuido, sofram um acidente, mesmo que não seja muito grave. Como deveria reagir se alguma vez acontecer o que temo e, por exemplo, um deles entala os dedos numa porta?
Antes de mais, é necessário esforçar-se por atuar com a máxima tranquilidade possível, mesmo que o menino chore e grite de dor, pois, se ele a vir nervosa, também fica nervoso e sentir-se-á pior. Em primeiro lugar é preciso avaliar a gravidade das lesões, porque a conduta a seguir depende basicamente desta questão. No caso que propõe, terá que determinar se só se trata de uma contusão, se existe ferida ou se parece que provocou uma fratura. No primeiro caso, basta aplicar frio na zona afetada para atenuar a dor e reduzir a inflamação. Se existe ferida, terá que estancar a hemorragia exercendo uma compressão na zona durante uns minutos, de seguida lavá-la com água e sabão e finalmente, cobri-la com um penso rápido. E, se suspeita de uma fratura, deve tentar manter a zona fraturada o mais imobilizada quanto possível e dirigir-se às urgências.
Tenho três filhos pequenos que, nos seus jogos habituais, costumam fazer pequenas feridas. O que é preferível, cobrir este tipo de feridas ou deixá-las ao ar livre?
Não há uma norma fixa. Se uma ferida é pequena, depois da correta limpeza e desinfeção, pode perfeitamente deixar-se a descoberto. Mas, considera-se que exposta ao ar livre, e sobretudo ao sol, secará e poderá cicatrizar mais rápido. Agora, se a lesão se encontra numa zona coberta pela roupa e com probabilidade de tocar nela, o mais indicado é cobri-las com uma compressa até que cure. O mesmo cabe decidir se está localizada numa parte do corpo não coberta por roupa mas, pelas características dos sítios onde a criança joga, presume-se que ficará exposta ao pó e à sujidade.
O meu filho fez um arranhão bastante grande numa perna e penso que curará com uma pomada cicatrizante. São recomendados estes produtos?
Em princípio, as feridas conseguem cicatriza corretamente de maneira espontânea e, portanto, não é necessário utilizar produtos deste tipo. É certo que existem alguns que contêm substâncias que estimulam a proliferação das células da pele e propiciam a cicatrização, mas apenas devem ser utilizados sobre indicação médica, quando se constate que a ferida apresenta algum fator específico que dificulta a sua cura espontânea.
O meu filho de 7 anos diz que sente dores na barriga das pernas e nas pernas durante a noite e, segunda a sua professora é possível que se trate de simples “dores de crescimento”. Que deverei fazer?
A existência das famosas “dores de crescimento” é um tema controverso para os especialistas. O certo é que muitas crianças em idade de crescimento manifestam que sentem incómodos ou dores nos ossos e nas articulações, sobretudo à noite, que muitas vezes não são capazes de localizar com precisão. Como é lógico, se o seu filho persiste com este tipo de queixas, é conveniente levá-lo ao pediatra. No entanto, enquanto isso, tente acalmá-lo dando-lhe massagens suaves nas pernas (sempre de baixo para cima) e aplicando-lhe compressas frias, embebidas em água e sumo de limão.
É possível que as crianças tenham enxaquecas?
Sim. A enxaqueca é um tipo de dor que cabeça que costuma manifestar-se como uma crise em que a dor é sentida numa das metades da cabeça, é muito intensa, intermitente e é acompanhada de outros sintomas, como perda de apetite, náuseas e vómitos. A enxaqueca é bastante frequente nas pessoas com antecedentes familiares do distúrbio e, normalmente, aparece na adolescência, mas também pode aparecer nas crianças. Nestas, as crises podem ser desencadeadas por irregularidades no sono ou na alimentação, ou por falta de descanso.
É possível que uma criança de 3 anos com paralisia cerebral e que até agora não tenha conseguido andar, possa fazê-lo graças aos exercícios de reabilitação?
Sim, ainda que as possibilidades dependam da gravidade das lesões que a criança tenha sofrido e do tempo decorrido até ao início da reabilitação. Normalmente, considera-se que as lesões provocam paralisia cerebral são irreversíveis. No entanto, as suas consequências, como, por exemplo, a debilidade ou a paralisia de determinados músculos podem ser compensadas através da realização. Regular de diversos exercícios. Estes exercícios de reabilitação potenciam as capacidades físicas que ficaram diminuídas e permitem que a criança aprenda a caminhar, vestir-se ou assear-se utilizando os músculos e partes do corpo que não foram afetados. É de referir que, quanto mais cedo se iniciar a terapia, melhores resultados se obtém.
A minha filha de 13 anos está a fazer um regime para emagrecer e preocupa-me que além de perder peso, possa ficar anémica.
A dieta pobre em ferro é uma das causas mais frequentes de anemia, sobretudo nas mulheres desde que começam a estar menstruadas, pois perdem uma importante quantidade de sangue e, portanto, de glóbulos vermelhos, hemoglobina e ferro. Assim, a sua preocupação é justificada, ainda que o mais importante é que a dieta seja completada, equilibrada e variada e suficientemente rica em ferro.
O pediatra mudou a medicação anti-inflamatória ao meu filho porque, segundo me disse, lhe apareciam manchas avermelhadas nas pernas e nádegas. Será um efeito secundário da medicação?
É muito provável, pois muitos medicamentos (como vários anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos) podem provocar efeitos secundários como distúrbios ligeiros na coagulação, que se manifestam com o aparecimento de púrpuras ou pequenos hematomas subcutâneos de tonalidade violeta característica; costumam ser numerosos e localizam-se sobretudo nas nádegas e nos membros inferiores, embora possam aparecer em qualquer parte do corpo. Nestes casos, o pediatra recomendará interromper o tratamento com o fármaco supostamente responsável pelo distúrbio e, se for necessário, substituí-lo-á por outro.
O meu irmão mais novo de 12 anos é uma criança aparentemente saudável, mas na última semana sofreu dois desfalecimentos e esteve a ponto de desmaiar. Lembro-me de que há alguns anos o pediatra disse à minha mãe que lhe tinha detetado um sopro no coração. As duas coisas podem estar relacionadas?
Com efeito, poderiam estar, porque o sopro do coração, uma espécie de murmúrio que se ouve quando se coloca o estetoscópio no tórax, tem origem no estalido que as válvulas cardíacas produzem ao abrir, sobretudo se tiverem dificuldades em fazê-lo. É provável que o pediatra tenha considerado que o sopro do seu irmão era fisiológico ou normal, uma vez que a maioria dos sopros é desta natureza. No entanto, tendo em consideração os desfalecimentos que sofreu nos últimos dias, é razoável pensar que sofre de uma valvulopatia que se tem acentuado. Por isso é necessário consultar um pediatra quanto antes.
Que medicamentos para os meus filhos devo ter na “farmácia caseira”?
Ainda que seja sempre necessário evitar a automedicação, é aconselhável dispor de uma pequena farmácia caseira, para o caso de uma situação de emergência. Para além de ligaduras, gazes, pensos rápidos, álcool e água oxigenada, não é de mais guardar alguns medicamentos infantis, sobretudo os que atuam contra a febre, a dor e os vómitos. No entanto, deixe que seja o pediatra a indicar quais são os mais adequados, já que, caso seja necessário, deverá ser ele também a sugerir que medicamento deve utilizar.
A televisão entretém as crianças e deixam-nos em paz por algum tempo. Mas pergunto-me se isso será bom para elas.
A televisão não é boa nem má, existe e há que fazer bom uso dela. Contudo, há recursos melhores para a educação, como é o caso da leitura. Era bom que os seus filhos se interessassem pela leitura. Isso, no entanto, não se pode impor. Mas as crianças são ótimos imitadores dos pais. Qualquer criança que se aperceba de que o pai ou a mãe lê habitualmente revistas, jornais e livros acabará por concluir que isso é importante e, mais cedo ou mais tarde, irá imitá-lo.
Fontes: Grupo Oceano; ABC do Crescimento, Biblioteca Médico-Científica para a Família; Saúde Infanto-Juvenil; Editorial Oceano