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                - Mas depois, - continuou o pai – quer o trigo quer a farinha são transportados em sacos, que são feitos de tecido e também ocupam muita gente. E já pensaste na multidão de pessoas necessárias para fazer o trator da quinta ou o camião de transporte de sacos? Desde as pessoas que tiram a borracha das árvores-da-borracha, até às que produzem os pneus, a chapa de ferro da porta, os plásticos do volante ou a gasolina que faz andar os veículos. E ainda não falámos do saco de plástico onde veio o pão, nem dos vendedores do supermercado onde a mãe o comprou, nem sequer de…
                -Chega, chega – interrompeu a Margarida. – Acho que já percebi. É preciso muita gente para fazer o pão que estou a comer.
                - Pois, e ainda nem disse nada da água para regar o trigo ou para amassar a farinha, que tem de ser tratada e transportada em canos. Isto tudo só para o pão. Se passássemos a ver a manteiga que tens no pão ou o leite, verias a enorme quantidade de pessoas ocupadas só para tu comeres. Queres falar da mesa e das cadeiras? Da tua roupa?
                - Não, acho que já percebi – confirmou a Margarida.
                - Mas ainda não percebeste o mais engraçado. É que todas essas pessoas que trabalham a vida toda para que tu e outras meninas como tu possam tomar o pequeno-almoço nem sequer nos conhecem. Por isso não fazem esse trabalho por gostarem de nós.
            

Sistema Económico

             - Ó pai, o que é a economia? – Margarida estava a tomar o pequeno-almoço quando se lembrou de fazer esta pergunta. Sabia desde pequenina que o pai era economista, mas nunca percebera o que era afinal essa coisa da economia.
 

                O pai sorriu e, como de costume, decidiu levar a sério as preocupações da filha. Pensou um bocadinho e depois disse:
 

                - O que é que estás a comer?
                - Pão – respondeu ela com aquela cara de reprovação que fazia sempre que lhe faziam perguntas de bebé. Mas o pai desta vez não estava a brincar e continuou:
                - Sabes quantas pessoas tiveram de trabalhar para tu poderes comer esse pão? Vê lá se consegues dizer todas. Se conseguires, ficas a saber o que é a economia.
                A Margarida pensou um bocadinho e achou que ia mostrar ao pai que era capaz de tratar de coisas difíceis. A professora tinha falado há tempos do pão nas aulas e ela ainda se lembrava:
                - Eu sei – respondeu. – Tudo começa no trigo, que uns senhores plantam, deixam crescer e depois apanham. Esse trigo vai para o moinho para fazer farinha, e com a farinha faz-se o pão. Quem trabalhou foi o senhor da quinta, o moleiro e o padeiro.
                - Boa! – disse o pai. – Respondeste muito bem. Mas, ao mesmo tempo, acho que te esqueceste de muitas outras pessoas. Ora vamos a ver. Para tratar do trigo são precisas enxadas como aquelas que viste no Verão lá na quinta. Lembras-te? E é preciso muita gente para fazer as enxadas. Desde os mineiros que tiram o ferro das minas até os ferreiros que trabalham esse ferro e os carpinteiros que fazem o cabo. Esqueceste-te desses.
               

O Meu Livro de Economia

O Meu Livro de Economia

João César das Neves

João César das Neves

               

- Mas ainda não percebeste o mais engraçado. É que todas essas pessoas que trabalham a vida toda para que tu e outras meninas como tu possam tomar o pequeno-almoço nem sequer nos conhecem. Por isso não fazem esse trabalho por gostarem de nós.
                -É verdade, não tinha pensado nisso.
                -Então porque é que isto tudo funciona? Por que razão é que o homem tira o ferro da mina para fazer a enxada? E o agricultor produz o trigo? E o homem apanha borracha para fazer os pneus do camião que leva a farinha? E o moleiro? E toda aquela gente faz o que faz para tu tomares o pequeno-almoço?
                - Bem, acho que não sei muito bem – respondeu, pensativa, a Margarida.
                - Ora, - disse o pai – essa é precisamente a pergunta que fez nascer a economia. «Porque é que isto funciona?» O que os economistas estudam é por que razão é que este maravilhoso sistema nos dá tudo o que temos e não sabemos fazer. Nem damos por ele, beneficiamos dele sem o notarmos. É isso a economia.
                - Acho que percebi – disse a Margarida.
                -Agora, para saberes economia, - concluiu o pai – precisas de compreender três coisas. – Primeiro é preciso entender o que leva as pessoas a decidir o que faz funcionar o sistema: o padeiro, o moleiro e o agricultor, o homem que tira a borracha, tu e eu, entre tantos outros. Depois é preciso entender como essas várias decisões se combinam, organizam e influenciam para criar o sistema económico. E ainda temos de falar da política. Mas por hoje já chega.

O Meu Livro de Economia

João César das Neves

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